martes, 3 de julio de 2007

Mick Jagger, Janis Joplin, Ravi Shankar, Michael Jackson... todos eles a menos de um metro de mim... 2

11/11/2006
Em 1970 eu estava na CBS e num dia de fevereiro, descendo a escada que dava no hall, deparo com o Coutinho (o 'relações publicas' e um grande amante de jazz.) entrando com uma mulher feia, meio gordinha, vestida de 'hipponga': lenço na cabeça, óculos Ray-ban, uma bolsa bandoleira a tira cola e sandálias. O Coutinho gentilmente me apresentou: era Janis Joplin! Não liguei muito por que nem me lembrava quem era essa cantora americana. No dia seguinte é que me liguei no fato. Eu tinha o disco dela com o Big Brothers, cantando Sumertime! Era demais!... Passei a duvidar. Dois dias depois encontro o Coutinho no corredor do estúdio, e ele me conta que a Janis foi à joalheria H. Stern comprou um anel de brilhantes e até chegar ao hotel, perdeu o anel!
Dias depois fui passar o carnaval em Salvador e ali fui informado que o Coutinho a levou ao Baile do Teatro Municipal, que era o baile de Carnaval mais chique do Rio, basta dizer que só se entrava fantasiado ou a rigor... E na porta teve problemas por que não queriam deixá-la entrar, porque pensavam que era um travesti! Claro, imaginem: feiosa e com aquele monte de cabelo no sovaco...
Logo depois do carnaval, novamente no atelier de Gilson Rodrigues, fomos convidados pelo Luis Fernando, que estava com mais amigos, a descer ao mulherio para buscar quem? A Janis Joplin! Claro que descemos descrentes e curiosos...
Estava lá sentada, conversando com as putas e bebendo cachaça! As 'meninas' encantadas com a americana louca, que gargalhava, puxava ‘fuminho’ e soltava palavrões, na maior intimidade... Ela tinha ido parar na Bahia, viajando de motocicleta com o namorado Mick, um fotógrafo carioca, e estava chateadíssima por que chovia muito, e ela estava louca para transar de noite na praia, e a chuva impedia. Não sei o que aconteceu, que o tal Mick voltou ao Rio e ela ficou sozinha em Salvador... Como foi parar nesse puteiro eu também não sei, mas ela estava bêbada e satisfeitíssima.
Foi quando apareceu o divulgador da CBS, que avisado (por quem?) foi ali para levá-la ao Hotel da Bahia. Sumiu a jaqueta Jeans dela e foi um fuzuê... Finalmente a jaqueta apareceu, e seguimos todos em passeata acompanhando-a com aquela garrafa de ‘Jacaré’ na mão, até a portaria do Hotel... Outro escândalo: o cara da recepção não queria aceitá-la por que estava suja, e com uma figura de hippie não muito agradável, e Janis aos gritos: “I’m Janis Joplin, I have money!” e jogou pacotes de dólares no balcão... Foi pior, o cara achou que ela era louca e não aceitou mesmo... Vingativa, ela não satisfeita, jogou a garrafa de cachaça no espelho e quebrou-o! E assim ela foi se hospedar em outro hotel... Que aventura...
Daí, eu voltei ao Rio e não mais vi Janis. Mas soube que ela voltou ao Rio fazendo 'stop-car' e tranzando com caminhoneiros... Verdade?
Anos depois surgiu outra historia dela numa aventura que conta o Serguey... Pode ser que tivesse seus momentos calmos, mas vivia intensamente, e era uma maravilhosa cantora, desbocada e louca de pedra... Ah, isso era... Quase no final deste ano, em outubro, foi encontrada morta por over-dose... Mas, eu tive Janis Joplin a menos de um metro de mim!

1 comentario:

Maurício dijo...

Boa noite, gostaria de falar com você porque estou fazendo um doc sobre vinda de Janis em Salvador, já entrevistei o Luiz Fernando....

Grato Henrique Dantas