domingo, 1 de julio de 2007

..onde se juntam os rios Beberibe e Capiberibe para formarem o Oceano Atlântico...

13/09/2006
Nos idos de 1965, numa noite de sexta-feira, no meu ‘show de Folclore’ na Galeria Bazarte, tive na platéia duas pessoas maravilhosas que se tornaram minhas amigas de toda vida: Disa Santiago e Leny Andrade!
Após o show, apareceu um convite para uma festa na casa do consul americano, y fomos todos pra lá.. E eu não parava de conversar com Disa e Leny, estava maravilhado com minhas novas amigas.. A festa era um verdadeiro manicômio, musica alta, danças loucas, muita bebida, e muita gente conhecida.. Claro que Nilda Spenser estava lá com um grupo de amigos, entre eles o Yan Sobansky e José Roberto.. Quase no final da noitada as pessoas aos gritos começaram a se atirar na piscina.. Jose Roberto apareceu com um litro de wisky roubado na cozinha, e resolvemos ir bebê-lo num bar furreca nas Sete Portas.. Yan tomou emprestado o fusca de Nilda, dizendo: ‘volto já e te levo em casa!’ Assim começou a loucura daquele fim de semana...
Entramos no carro, em meio a muita risada, eu, Yan (um polonês de quase 2 metros de altura, que calçava 47, e era técnico da Petrobras), Jose Roberto (um jovem empresário e bom vivent ), e mais Pitti, um compositor-cantor que iria estréiar como ator na sexta seguinte no Teatro Vila Velha..
Ao chegarmos no mercado da Sete Portas, apesar de ser madrugada, estava tudo lotadissimo... Resolvemos ir até um outro bar, na estrada, fora de Salvador, perto de Feira de Santana... O dia amanhecendo, e não lembro quem teve a leviana idéia “Vamos pra Recife”? Idéia aceita por unanimidade! Não tínhamos dinheiro, e nos valemos do cartão do Yan para pagar a gazolina.. Estrada.. Solzão... Uma alegria irresponsável...
Não me perguntem como, mas ao chegarmos a cidade nos instalamos no chiquissimo Hotel São Domingos, no centro da cidade.. E passamos a fazer turismo.. Foi assim que conheci Recife.. Num outro dia, saímos a almoçar numa rua vizinha ao hotel, e entramos num restaurante ordinário frente ao Teatro do Parque.. Ao meu lado sentou-se um mulato magrelo de cavanhaque e um outro rapaz, a conversarem sobre musica.. Era Naná Vasconcelos e Zé Fernandes, qua faziam parte de um show do Grupo Construção.. Começamos a conversar, e me deu uma vontade louca de um dia fazer um show com aqueles caras.. Como é o destino, anos depois eu voltaria ali, e justamente aconteceria...
Depois de 3 dias no Recife, comendo o possível, graças ao Yan, em meio a muitas gargalhadas, resolvemos voltar a Salvador.. Um sol incrível na estrada, muita poeira, e nada pra comer...
Ao cruzarmos o limite da Bahia, fomos visitar uma fabrica de queijos, e lá nos presentearam com um queijo enorme, redondo, de quase 10 kilos... Foi o que salvou a nossa fome.. Um rebanho de carneiros cortava o caminho.. Descemos do carro, pegamos um animal e a custo o metemos também no fusca, pra presentar a Nilda! O carro estava com um cheiro insuportável: nosso suor, o barro, o carneiro, e o queijo... O maldito carneiro fazia tanto escândalo balindo, que fomos ‘obrigados’ a deixa-lo por ali mesmo... Chegamos na 5ª feira em Salvador, fui pra Bazarte me limpar e ensaiar o show do dia seguinte... Jose Roberto foi direto pra o escritorio ‘consertar’ a semana; Yan foi devolver o carro coberto de lama pra Nilda, que já não sabia que desculpas inventar a Dedeco, seu marido, sobre o desaparecimento do veículo; e o pobre Pitti levou um esporro do diretor João Augusto, e quase não estréia no dia seguinte..
Sexta-feira, no final, tudo deu certo: Pitti subiu feliz ao palco, fazendo o menestrel -“..è todo mundo e ninguém..”- na obra de Gil Vicente; e durante o meu show, me apareceu Nilda, José Roberto e Yan, que muito risonhos, me ofereceram em cena, um pratinho com mais um pedaço do queijo!!!... A visão daquilo, a lembrança e o cheiro.. Ai meu deus, quase vomitei...
Mas depois, saímos no carro limpinho e perfumado, pra mais uma noitada em Salvador...

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