domingo, 1 de julio de 2007

..no Tabaris o som é que nem o Bee Gees, dancei com uma dama infeliz, que tinha um vulcâo nos quadris...

11/09/2006
Ali na Praça Castro Alves, atrás do `Guarani´, estava o ‘Tabaris Nigth Club’!
Era maravilhoso! Era o ‘cabaret’ de Salvador... Na porta uma placa dizia: 'Rigorosamente proibido a entrada de menores de 21 anos'... Mas assisti ali vários shows e bailes, entrando pela porta lateral que dava pro Curriachito, graças aos seguranças e garçons amigos de Rui Benfica... Lá dentro a típica decoração art-decô dos anos 40: ao fundo uma grande orquestra afinada, com maestro, todos de 'smoking'... Cantores (que também atuavam nas Emissoras de Radio) e atrações, todos elegantissimos.. Pelo salão as mesas de clientes, de palitó e gravata, com as mulheres, deusas perfumadas e arrumadas, vestidas de longo, algumas se diziam estrangeiras: polacas, argentinas, francesas... E no centro, a pista de dança, onde se apresentavam as atrações do show... Ah, o Tabaris...
No Curriachito, um beco ao lado do teatro y do Tabaris, vivia, e vive ainda, o costureiro Rui Benfica, que tinha uma 'amiga' altissima e magrinha chamada Cuquita, engraçadissima e sensacional, que fazia imitações de Célia Cruz, meu primeiro contato com a minha ‘reina de la salsa’.

Dos artistas dali, me lembro de Deni Moreira, Ray Miranda, e muito da Terezinha Silva, uma mulata linda, corpulenta, com uma voz imensa, extraordinaria com seu vestido de veludo tomara-que-caia, e que tinha 'caso' com a porteira, uma tal de Rosa, que todas as noites punha comida pras.. baratas!... Terezinha terminou indo cantar em Marrocos e num se soube mais dela. E do Evandro de Castro Lima? Sim, aquele que veio a ser um grande carnavalesco no Rio de Janeiro... As porradas... Evandro de maiô de vidrilho e paitês, cantando, fazendo de vedete, e quando alguém o chamava de “viado” ele se aproximava da tal mesa, e de repente estava armado o auê! Dava porrada em todo mundo e acabava o show! Era um corre-corre, e não tinha 'deixa-disso' que segurasse! Ele era de família ‘bem’, daquela turminha da Barra, junto a Bolinha de Cristal e Chiquito Bengalinha, os mais chiques gays daquelas décadas em Salvador...
Ah, o Tabaris do Sandoval...

E os bailes de Carnaval no Tabaris? Uma loucura.. Muitas mulheres e algumas bichas de maiô (inclusive o Ruy..), os homens enlouquecidos, quilometros de serpentinas, toneladas de confetes, e muita, muita, muita, lança-perfume!
Na frente do Tabaris estava o Teatro Guarani, onde assisti Dulcina, Odilon e Conchita de Morais, em ‘Chuva’, e muito teatro de revista de Walter Pinto, que virou cinema trazendo o cinemascope a Salvador (quando inaugurou, tinha no hall um painel lindo de Caribé), mas foi decaindo, o transformaram até em cine Glauber Rocha.. Num teve jeito.. Hoje é uma das vergonhas do centro de Salvador..
Na pracinha junto ao teatro, e na frente da entrada do Tabaris instalaram o Bar e Restaurante Cacique, onde durante a tarde a juventude toma guaraná, e à noite os intelectuais bebiam cerveja ou conhaque... Tambem não vingou...
O Tabaris, como aconteceu em todo Brasil com as casas noturnas desse gênero, num resistiu ao avanço do progresso e da televisão, e também foi decaindo, fechou definitivamente em 1968, já num existe mais... A pena, é que eu nem sei o fazem agora naquele espaço maravilhoso, de sonhos e grandes noitadas...

Me informam que é MAIS UM espaço cultural... Enfim...

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