viernes, 29 de junio de 2007



Bons e alegres tempos em Sampa...

S.P. - 1974

Um Cinema Transcendental...

08/09/2006
Em 1959 eu conheci o Caetano Veloso! Eu trabalhava no campo de Dom João, perto de Santo Amaro, como especialista em petróleo – auxiliar técnico de produção. Sim, sou formado pela Petrobras! Fui passar um fim de semana naquela cidade do Rio Subaé, e passeando por uma rua ouvi o som de um piano.. olhei por uma janela, de onde vinha a musica, e lá na sala estava Caetano tocando 'Nel blu di pinto de blu' (até hoje ele bate que era outra musica)... Ele olhou pra mim e disse: Entre! Claro que entrei. E começou assim minha admiração e amizade por aquele menino, que tinha uma cultura musical muito igual a minha.. Apareceu na sala dona Canô que chamou pra comer beiju.. Daí então, Caetano sempre me convidava para os bailes na Escola Municipal nos finais de semana. Trocávamos as meias: um pé de cada cor, e para dançar só tirávamos as professoras, as mais maduras, só para chocar. E eu ‘fechava’ com o meu lenço (enorme!) de chiffon lilás, e o Caetano dava muita risada e curtia as minhas bichices. Nas décadas seguintes sempre nos encontramos nas festinhas no apartamento da atriz Jurema Pena, na Barroquinha, ou nos teatros da vida. Sempre a gente `enchenco o saco´ dele: “Cae cante o Galo Cocorocô!” (É de manhã).
È uma amizade de décadas. Com o resto da familia a afinidade é a mesma... Bethânia é a minha diva particular.. e os outros irmãos Irene, Rodrigo, são todos gente finíssima...


Reencontro!

Aqui estou com o Waldir `Big Ben´Serrâo e mais o Thildo Gama...

Salvador - 2001

Rock me, Rock you, Rock Raul...

08/09/2006
Quando minha familia migrou a Salvador, me lembro que moramos no Largo da Saúde, depois nas Sete Portas (na frente da nossa casa passava o sujo e nauseabundo Rio das Tripas...), depois mudamos para a cidade baixa, pra Rua da Imperatriz, que fica entre o Bonfim e a Boa Viagem... Nesta fase de juventude o que me influenciava na música eram os artistas da Rádio Nacional e Mayrink Veiga: Orlando Silva, Luiz Gonzaga, Bob Nelson e Ivon Cury e das mulheres, Dalva de Oliveira, Ângela Maria, depois Nora Ney e Isaurinha Garcia.
Mas estavamos nos meados do anos 50 y imperava o rock-and-roll! E não posso esquecer do 'Elvis Rock Fã Club' que funcionava mais como uma reunião de amigos, aos sábados a tarde na casa de Waldir Serrão.. Ali depois da Boa Viagem, na Avenida Luis Tarquinio, na Vila Operária (que era um conjunto residencial para os empregados da fabrica de cigarroa Souza Cruz), que ainda existe, mas em completa decadencia.. Lá ouviamos os 'rocks' de Litle Richard, de Billy Haley ou Elvis Presley, num volume altissimo de romper tímpanos, pra desespero dos vizinhos... E dançavamos, ensaiavamos passos, piruetas mil.. Foi ali que conheci o Rauzito que tambem fazia parte do clube, e embora morasse na cidade alta (praticamente do outro lado da cidade, e o que dava a entender que era de uma classe social mais alta...) estava sempre ali na casa de Waldir, mas não tínhamos muita intimidade.. Como o Elvis era o idolo principal, naturalmente todos queriam se parecer e vestir como ele.. e ali estava sempre Raulzito ou Waldir, com seus blusões de couro negro, e cabelo com muita brilhantina e topete caindo na testa.. Eu deslumbradissimo com tudo isto... Havia na Radio Mayrick Veiga, no Rio, um programa diario 'Hoje é dia de Rock', mas aos sábados no auditorio, a garotada se apresentava para um publico enlouquecido fazendo dublagem dos 'hits' americanos.. Claro que no nosso clube a febre tambem pegou, e ja não nos reuniamos só pra dançar, tinhamos agora as dublagens! De vez em quando tinha ensaios em minha casa, pra escãndalo da minha mãe que não entendia como 'aquilo' poderia ser dança. E começaram a se apresentar em festinhas, principalmente no SESI (Serviço Social da Industria..).. Mais pra adiante, abandonei o clube, mas o Waldir sempre ousado alugava o Cine Roma e realizava `matinais de rock´n roll´, onde se apresentava toda a turma, dublando e dançando.. Ampliaram as apresentações aos circos e clubes sociais de cidades do interior... Dali do clube da Luis Tarquinio, sairam os cantores baianos de rock, e sempre fui (e ainda sou..) amigo de todos estes expoentes..
Depois vieram os Panteras de Raulzito, Waldir adotou o codnome 'Big Ben'.. Mas isso ja é outra historia..


Com Luana, a Condessa de Noilles..

Sempre minha amiga! Que chic...

Baile das Atrizes - Salvador - 1975

..Quase `Rainha das Atrizes´!

07/09/2006
Agora, concurso para mim foi o de 1975 quando concorri a Rainha do Baile das Atrizes do Teatro Vila-Velha!
Eu estava em Salvador para passar o Carnaval, quando o João Augusto que era o diretor do teatro, me convidou a fazer uma coisa diferente pra promover o baile que andava em decadência.. Daí, resolvemos que eu poderia me candidatar baseado em que nas regras do concurso não havia a especificação de que teria de ser “mulher” qualquer candidato ao posto... Nós nos divertimos muito, porque o populacho não entendeu nada! Até muitos artistas, álém de uma parte da populãção caiu do salto! Inventamos outras pessoas possiveis á coroa, inclusive a Mulher de Roxo (uma famosa figura, que vivia toda vestida de roxo, na porta de uma loja na Rua Chile..), y aprontei escândalos ao dar entrevistas nas TVs e jornais, quando declarava que se por acaso ganhasse iria receber a coroa de palitó e gravata! E ante o juri, disputei com a estonteante Marina Montini! Imagine: um homem disputando uma coroa de Rainha com uma mulher de verdade! Foi um pleito super badalado e o baile desse ano foi um sucesso!
Claro que perdi, tirei segundo lugar... E a Montini foi coroada enquanto o publico gritava meu nome.. Dei uma volta pelo salão carregado, vestido no meu famoso 'macacão de renda negra', num delirio total... Quem passou a coroa foi a Nilda Spenser vestida de ‘Rainha Quiaba – a dona do caruru’, uma espécie de melindrosa toda de quiabos... O máximo!

Que baile! Ai, que Carnaval aquele..

Com 1 ano...
Em 19... sei lá...

Juazeiro, nem chegaste a perceber...

06/09/2006
De Juazeiro, a minha terra, eu não tenho lembrança nenhuma.
O meu pai vem de familia de classe média alta da capital. Trabalhava de escriturario, pertencia ao Sporte Club Santa Cruz y as vezes era juiz de futebol.. E foi apitar varios jogos naquela cidade ribeirinha do São Francisco, ali conheceu e se enamorou da minha mãe, que era ‘cafusa’, e encontrou muita resistência contra essa união, ninguem acreditava que acabaria em casorio... Mas ele foi obstinado e voltou lá para casar-se. E assim, um ano depois nasci eu, e minha família logo se mudou, e viemos para Salvador.
Eu não tenho lembranças daquela cidade e quando pude voltar lá muitos anos depois, constatei pela riqueza de imagens que fez meu pai, que tinha uma paixão por fotos e possuia uma máquina fotográfica – objeto raro nos anos 40 – dos instantâneos de rios, barcos, da feira livre, senhorinhas e paisagens bucólicas da região, que havia mudado muito e perdido o encanto. Mas pessoalmente a cidade não me dizia nada.
Saí de lá muito pequeno para ter do que recordar...
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