martes, 3 de julio de 2007

MIck Jagger, Janis Joplin, Ravi Shankar, Michael Jackson... todos a menos de um metro de mim... 1

09/10/2006
Um dos lugares que eu mais gostava em Salvador, era a rua do Sodré, com seus casarões. Lá no seu começo, no Cabeça, estava a boate Anjo Azul, um lugar apertado, onde se reuniam os gays mais snobs, intelectuais y artistas, pra tomar ‘xixi de anjo’, uma bebida boba servida em piniquinhos de barro... Descendo a rua, estava o colégio Ipiranga no prédio onde morreu o poeta Castro Alves, e um pouco mais abaixo estava o convento de Santa Tereza, abandonado, e hoje é o Museu de Arte Sacra da Bahia, que logo depois da sua inauguração em 1959, causou um zumzum nos meios intelectuais e entendidos por que ali estranhamente os funcionários eram todos mulatos! Não havia nem brancos, nem pretos... Apenas, e só, mulatos! Que, segundo comentavam as más línguas, eram ‘escolhidos a dedo’ pelo próprio Dom Clemente, monge beneditino e administrador do museu, e que também às vezes ‘fiscalizava os banhos’ dos funcionários... Boas razões havia de ter...
Mais em baixo, aquela rua desembocava numa zona de mulheres da vida... Nessa rua, tive dois encontros memoraveis.
Com a inauguração do museu, vários artistas plásticos montaram nessa rua e adjacências os seus ateliês, entre eles ali estava Gilson Rodrigues e Luis Fernando... Sempre recebendo amigos, e que tardes...
No principio de 1968, eu que nesse tempo vivia envolvido com musica, pintura e teatro, uma tarde passei pra visitar o Gilson e ele me diz: “vamos descer criatura, que Luis Fernando tem uma surpresa...” Era verdade! Ao chegarmos no atelier de Fernando, lá estava como se nada, ele: Mick Jagger em pessoa, sentado numa poltrona folheando uma revista de arte, com as pernas enrodilhadas de um jeito que até hoje, juro que eu só vi Caetano fazer igual! Também estava lá a Mariane Phaitifull e a filha pequena meio chorona, e mais umas três ou quatro pessoas. Eu não falo inglês... O que mais me chamava atenção no cantor dos Rolling Stones era a sua boca: enorme, carnuda, com uns beiços onde ele ficava dedilhando e fazendo um som engraçado... Ouvi a conversa deles, sobre coisas bobas, da beleza do Reveillon no Rio, queriam ir a um candomblé, comer comida baiana... queimou-se o baseado de praxe, e a tarde passou ligeira... Não, ninguém tirou fotos desses momentos únicos... Hoje me contam que o Keith Richards também estava em Salvador, esse eu não vi... Também me informaram que os tambores do candomblé impressionaram tanto ao Mick, que lhe provocou compor o ‘Sympaty for the Devil’... Seria verdade? Não sei, mas com certeza, eu estive com Mike Jagger a menos de um metro de mim...

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