martes, 3 de julio de 2007

Sim, sou parceiro de Gilberto Gil!

27/10/2006
Em abril e maio de 1965, Gilberto Gil estava fazendo no Teatro Vila Velha, sob a direção de Caetano Veloso, o seu primeiro show sozinho: ‘Inventario’... Nesse espetáculo, ele cantava também algumas musicas que fizera com outros parceiros: Yemanjá com Othon Bastos, Roda e Louvação feitas com João Augusto... Fui assisti-lo quase todas as noites. Na ultima semana de apresentações, quase no final do show, cantou lendo um papel no chão, uma composição da qual só tinha escrito o refrão, e que deveria se chamar ‘Procissão’... Fui pra casa com aquela musica na cabeça. Era a minha oportunidade de fazer algo para me facilitar a entrada nos shows do Vila Velha... E tanto revirei, que acabei escrevendo duas estrofes mais para a tal musica...
No sábado seguinte, dia 29 de maio, aconteceu o casamento de Gil com Belina. A festa de bodas foi á noite no Clube dos Oficiais ali no Dendezeiros. A presença de muitos artistas se fazia notar, Gil sempre foi muito querido...
Antes de ir-me da festa, chamei Gil e lhe mostrei o meu escrito... Ele cantarolou, viu que a tal letra encaixava justo na melodia, e guardando-a me disse: ‘assim que puder vou gravar, e se prepare vamos ganhar um dinheiro com essa musica!’ E assim fui pra casa cantarolando e a cabeça cheia de sonhos... Imagine, meu nome num disco!
Na semana seguinte, Gilberto Gil partiu pra São Paulo, onde iría trabalhar.
Aconteceu meses depois, o show ‘Arena canta Bahia’, com todo aquele pessoal do Vila Velha (menos Fernando Lona, que ficou muitíssimo sentido e se sentindo traído... foi trocado por Tom Zé), e esses artistas, cada um gravou um disco compacto, na RCA Victor... Praticamente, seus primeiros discos! No disco de Gil, estava lá: Roda – Gilberto Gil e João Augusto - e Procissão – Gilberto Gil! Meu nome foi completamente esquecido...
Alguns jornalistas de Salvador que sabiam da parceria, notificaram o lapso nas suas colunas... Em seguida, a musica entrou como tema do curta-metragem ‘Roda e outras canções, e no fotograma de relação de musicas, já constava meu nome! Em 1966, o Gil fez um show ‘Pois é’, com Vinicius de Morais e Maria Bethânia, no Teatro Opinião, no Rio, que fui assistir, e no programa que me autografaram, também aparece ‘Procissão’ – de Gilberto Gil e Edy!
Depois vieram outras gravações da musica, mas meu nome nunca apareceu... E isso mexia muito com minha cabeça...
Em 1967, Gilberto Gil foi a Recife com o show ‘Viramundo’. Eu estava tão puto da vida que nem fui ver, mas também estava fazendo “Memórias de 2 Cantadores" no Teatro do TPN, onde cantava Procissão e denunciava minha parceria... Uma noite apareceu por lá o Roberto Santana, empresário do Gil, se sentindo muito ofendido por que eu dizia ter parte na musica! Eu, hein? E justificou: ‘não sabíamos onde você andava, e não ia perder dinheiro por causa dessa bobagem!’ (SIC) Tudo bem...
O importante de tudo isso, que apesar da falta do meu nome nas gravações de ‘Procissão’, Gilberto Gil nunca negou esse fato e eu nunca ligava muito a direitos a receber, ou gerar uma possível discussão. Durante todos esses anos, sempre nos encontramos com a mesma alegria, a mesma festa, e tocávamos no assunto e ele me dizia: ‘aparece pra gente acertar isso, você tem coisa pra receber...’
Finalmente, praticamente agora, 40 anos depois, tudo já está resolvido. Já tenho um contrato com a editora, meu nome constará das gravações de agora por diante, e já posso dizer que sou de verdade parceiro de uma musica com Gilberto Gil...
Porem no site oficial de Gil, o meu nome ainda é invisível!

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